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A INVASÃO DOS ESKRULLMÍNIONS E A RESISTÊNCIA DOS ANTI-HERÓIS BRASILEIROS

No início do século XXI, após o encerramento das batalhas da Guerra Civil, os heróis da Marvel se mantiveram divididos em dois blocos: os que apoiavam a causa do Homem de Ferro e os que acreditavam nos ideais do Capitão América. Com o desfecho desses episódios, aparentemente o entendimento passou a reinar entre os dois grupos. Até o momento em que eles descobriram que há anos ocorria uma invasão secreta de alienígenas no Planeta Terra. Era a invasão dos eskrullmínions. E o foco da ocupação era um país da América do Sul, o Brasil. Eles se proliferavam de tal maneira que não dava mais para saber quem era quem, pois a raça desses usurpadores alienígenas tinha a capacidade de metamorfosear sua aparência em pessoas normais, as quais achávamos que conhecíamos. Ainda que tivessem similaridades no perfil das redes sociais - óculos escuro e cara de mau -, não conhecíamos mesmo! Eles estavam apenas escondidos nos armários! Mas como o dedo coçava, lançavam alguns comentários suspeitos nas rede
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Viagem em transe mítico

VIAGEM EM TRANSE MÍTICO:  mestiçagens, imaginários e reencantamento do mundo é um livro acadêmico , fruto das leituras, da investigação e das reflexões de Fábio R. Penna para a sua pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Relações Étnico-Raciais do Cefet/RJ. Não se engane, porém: ao analisar o romance "Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra" (Mia Couto, 2007), Penna constrói suas análises e narrativas de modo poético e conduz o leitor a uma viagem mítico-poética-espacial supreendentemente agradável.  O livro de Mia Couto leva-nos entre dois diferentes mundos, e a análise de Fábio Penna é uma companhia afável nessa jornada, mostrando-nos interpretações sensíveis dos caminhos que o escritor moçambicano escolheu  para seus personagens. Numa conexão sofisticada entre Campbell, Mia Couto, Todorov, Alassane Ndaw, Hampâté Bâ, Harry Garuba, entre tantos outros e outras, o pesquisador, em sua postura ética diante da ancestralidade, da literatura e da cultura, nos

O RELÓGIO NÃO PARA, MESMO SEM BATERIA

  Há mais de dez anos, quando estive em Belém, no Pará, eu comprei um relógio. Observando as vitrines do shopping, avistei um modelo que me agradou. Eu queria substituir o que me havia sido presenteado por uma ex-namorada. Como esquecer de alguém se você usa uma lembrança dada por essa pessoa no pulso pelo dia inteiro? Ainda mais um utensílio que nos prende, estilhaça como poeira e orienta no tempo. Comprei um maior, moderno e mais bonito, porém prateado e da mesma marca. Muito radical, né?! Até parece. Aposentei o antigo objeto em uma gaveta e passei a usar o meu novo xodó, representação de uma nova caminhada. Status de titularidade. É aquela repaginada que cismamos em realizar no final de uma relação amorosa desgastada. É como se renovássemos o material, imaginando, equivocadamente, mudar o espiritual. Também não vou negar que dá uma aprumada na autoestima. Todavia, associar consumo a melhoria interna pode ser muito nocivo. O "novo" relógio passou alguns anos no meu pulso e

MAIS UMA CRÔNICA AO CRUZAR O UMBRAL ETÍLICO

Acho que hoje meu psicológico acordou predisposto para um bom vinho. Feito! Embora manhã, o calor do Rio de Janeiro faz com que, à varanda de onde momentaneamente resido (ou me escondo – isso pois preciso às vezes me reclusar... do outro, de mim...). Calor, quase 11h, RJ e vinho? Devo ser louco de pedra mesmo... por um mal-estar físico, ainda que eu alterne o vinho com uma bicada numa taça de água morna. Está tão quente que minha camisa já transpira, molhando à altura de meu abdômen. Na boa, véi, se minha roupa já sua, nem falo do meu corpo... no entanto, amalucadamente bebo agora um chileno. Sacio a sede do psicológico. Não sou bom bebedor, mas gosto. Casillero del Diablo (carménère): elixir poético. Ao fundo, algo nada comum aos meus ouvidos... samba. Como sou previsível! Sem querer querendo, ao bel-prazer de aproveitar a piada-notícia da semana do jornal Meia Hora sobre a cobertura da morte do presidente da Venezuela, o sem teto da vila do senhor Barriga, ouvi uma magnífica música

A FLOR DAS INTERCIRCINAÇÕES

Desde que aqui chegamos e habitamos a casa com espírito e corpo, duas grandes samambaias na varanda gritavam aos meus olhos. Não me recordo de ter visto nada semelhante antes. Samambaia com tronco. Tímidos e circinados sobre si mesmos, como um embrião, os ramos dessas samambaias foram se abrindo na cotidianidade de minha presença. Atentando-me cuidadosa e demoradamente, percebi que havia cipós também circinados, mas diferentes. A samambaia escondia uma trepadeira sendo suporte para que ela se mantivesse de pé. E, assim, elas cresciam juntas em direção à luz. Mas, pelo pouco que sei, as trepadeiras disputam com outras plantas e árvores luz solar, água e nutrientes do solo. É como se elas trepassem e sugassem as energias das árvores, que teriam aumentada a probabilidade de morrer. Uma hora, uma sufocará a outra. Enfim. Entro no pub Zolá Bar, 2 boulevard de la Liberté, em Rennes. Sento-me no banco que estava ao balcão. - Boa noite! - Boa noite, meu amigo! O que você vai querer?

É NA ENCRUZA QUE NOS ENCONTRAMOS

Em 2018, eu preparava a mala para participar do 3º Festival Afro-Montuvio, em Calceta, pequena cidade que fica na província de Manabí, na costa do Equador. Em duas noites, conheceria a cultura dos montuvios, camponeses que habitam a zona costeira, imbricada por inúmeros rios. Na realização desse festival afro-equatoriano, havia um grupo de montuvios e afro-esmeraldeños reunindo artistas e intérpretes, para celebrarem as ascendências africanas e indígenas como resistência da tradição oral. De dia: conversas e compartilhamentos sobre as identidades e os seus entrelaçamentos. De noite: músicas, teatro, dança, improvisações e declamações de poesia. Fui convidado por minha amiga, promotora cultural e poeta Alexandra Cusme. Nós nos conhecemos em outro evento, em Piriápolis, no Uruguay, em 2015. E ela tinha me prometido um dia me convidar, e o convite surgiu em 2017. Este foi o ano em que ocorreu um terremoto que destruiu muitas casas, matando muita gente. Ruínas que pude ver no ano seguin