Ao meu ensino médio
Você
permanece anos e anos estudando, torcendo que o meio e o fim do ano cheguem
logo, pois são as épocas de férias. Sabe que no próximo ano ainda há uma série
a concluir. No entanto, quando se encontra na última, você luta para que as
aulas durem o máximo: fala, brinca, zoa e estuda - um pouco, é claro!
Mil e uma
ideias vêm à sua cabeça: “esse é o meu último ano; participarei de todos os
eventos da escola - desfile, quadrilha, gincana, interclasse, bagunça... unirei
a turma de um jeito que a solidão... se sentirá só entre nós... Mandaremos na
escola; seremos os garanhões; os destaques; todos vão querer nos conhecer,
falar com a gente, estar conosco”.
Contudo,
quando o ano acabar, você será aprovado e achará que tudo continuará como
dantes. Estará enganado; tudo muda! Caso vir um de seus colegas em menos de
seis meses, será muito. Todos o esquecerão. Você ninguém se tornará.
“- Caramba!
O que faço agora? Só sei estudar e pronto. O que farei? Quero tudo aquilo de
volta para minha vida”. O futuro é um ponto de interrogação; sempre uma charada.
Instala-se
no peito uma enorme nostalgia. Minha segunda casa, disseram-me um dia, mas não
levei a sério. Só agora vejo que estavam certos.
O problema
da falta de memória é que conhecemos pessoas e coisas novas, junto de momentos
até então não experimentados, fazendo com que esqueçamos tudo aquilo passado em
nossa segunda casa: todos os momentos felizes de nossa infância à adolescência.
Tantas
pessoas conheceu. Tantas namorou. Tantas amizades. Professores se tornaram
pessoas mais chegadas. Frequentou a casa de colegas e eles a sua. Mesmo que
algum de seus colegas tenha o decepcionado, você não muda; é muito forte para
sofrer pelo erro dele. Você preza a amizade, isto é... ou seja, é um grande
ator. Mas o tempo continuará a passar.
Você é uma
utopia. Paga mico para que seus colegas e companheiros riam
juntos daquilo feito ou dito. Então, é neste momento que você se alegra pelo
simples fato de tirar um sorriso de alguém... E nós, amigos... nós nos
realizamos...
(Primeiros Momentos, 2001)
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