* Colégio Alternativa / Rio das Ostras /RJ/2008
"Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um
dia"... Ah, assim o cantor e compositor corroboraria o filósofo grego
Heráclito... Ninguém se molha no mesmo rio duas vezes... Ih, mas se não me
engano isso é uma questão da UFRJ... Qual é o ano mesmo? Deixa pra lá. Vamos
esquecer um pouco o vestibular. Mas continuemos na melodia de Lulu Santos. É
sobre esse vai e vem de ondas sempre outras que desejamos falar.
Hoje, pela manhã, estava pensando acerca do que poderia abordar em
meu discurso. Muitas foram as idéias que me visitaram. E nada permanecia na
mente. Parecia um velório em que uma fila indiana de pessoas passava rente ao
corpo morto e ia embora. Mas que nada de velório! Poxa! Pra que tanto
sentimentalismo?! É apenas uma formatura.... A quem quero enganar? Não é apenas
uma formatura. É a formatura de minha primeira turma de oitava série do Colégio
Alternativa. Uma grande turma que fez parte do meu cotidiano por quatro anos...
Que, com o passar dos anos, dividiu suas dúvidas existenciais e outras comigo...
E claro que com os demais professores também.
A forte relação que foi construída e vivida entre nós,
professores, e vocês, alunos, fez-nos crescer mutuamente. Durante esse tempo,
melhoramos como educadores e como alunos numa relação de construção de um bom
caráter. Hoje não somos mais os mesmos de ontem. Evoluímos espiritualmente. E
isso é bom demais. Tivemos problemas? Falsas promessas foram feitas? Discussões
ocorreram? Notas baixas foram lançadas? Houve desespero? De fato, tudo isso
aconteceu. Mas... Olhem-se agora. Olhem para seus pais, parentes e amigos que
aqui estão presentes. Reparem essa festa, a alegria dessa cerimônia de
formatura. O coração à flor da pele de todos eles. “Tudo vale a pena se a alma
não é pequena”. Fernando Pessoa, lembram-se? Com alguma alteração, mas tudo
bem. Valeu a pena? Vocês são os responsáveis por essa festa. Vocês são
vitoriosos. E nós, professores e direção, estamos felicíssimos com isso, pois
fazemos parte também dessa festa.
Mas voltando à manhã deste dia. Sentia eu o peso da
responsabilidade de escrever um texto que me fora pedido pela comissão de
formatura há tempos. Queriam que houvesse um gracejo com os sobrenomes dos
formandos. E, na medida do possível, é o que tento fazer com esmero.
Então resolvi passear pelas ruas de Rio das Ostras. Pensei em
procurar uma MESQUITA por aqui, sei lá... VAZ uma semana que não encontro o meu
CRISTO interior. E eu TAILOR de encontrá-lo. Me aROMMEY todo, mas não esqueci
da ARRUDA na orelha... isso porque sou ROCHA, PENNAFORT. Perambulando pelas
ruas, encontrei um benquisto aluno. Mas quem poderia ser? SOARES um, SODRÉ um
que me poderia parar insistentemente... Canudinho! E estava todo AZEVEDO.
- Professor, tô FERRONATO!
- Ah, Vinícius! Que CARVALHO, aliás, CARVALHAES!
- Tô muito mal! Mas é HERNANDES que se aprende. O senhor ZACARIAS
se estivesse na minha pele.
- O que foi dessa vez?
- Ontem fui a Professor SOUZA curtir um baile FANG. O senhor sabe
que eu me amarro, né? Tô lá dançando a dança da bundinha, quando foi que
conheci umas AMAZONAS que me deixaram nas NIVENS! Uma delas era uma obra
DUARTE! ARAZONI comigo! Penna, você não vai acreditar, mas uma delas me chamou
para caçar PINTO no MATTOS. Caraca, aí! Aí pensei rapidamente comigo mesmo, eu
e minha mente. Vamos, aproveita essa chance! Então ela me levou para debaixo de
uma OLIVEIRA... Poxa, eu ALMEIDAva apenas um beijo de OLIVA daquela HELENA de
Tróia... mas do nada começou a gritar como ALVES NEGRAES: FIGUEIRÓ, FIGUEIRÓ,
FIGUEIRÓ... poxa, parecia o NETO do barbeiro do meu avô. Era uma ave graúna!
- EANTUNES... o que houve?
- A mulher - que NOGUEIRA! – se transformou em Zé PEREIRA e me
bateu com uma CORREIA, que estava escondida. Mas graças a Deus consegui fugir
daquele prISIDIO. Agora estou mais aMANSOLDO.
- Bem FREITAS! ZAAITAR na hora de aprender a ser mais ZEM. Você
NASCIF de novo. Agora vá para casa se preparar para formatura.
E assim, ele correra para casa se preparar para esse momento. E eu
para minha... mas com uma idéia melancólica na cabeça... a qual me inspirou à
escrita.
Retornando à produção deste texto, percebo que algo está me
corroendo por dentro. O fim. A hora de dizer adeus. É difícil passar quatro
anos com alguém e... “de repente, não mais que de repente/ fez-se do amigo
próximo o distante” (Vinícius de Morais - “Soneto da separação”). Mas ainda bem
que colocamos em prática o “carpe diem”, gozamos a época da escola, a nossa
amizade.
Então, é por isso que me é penoso o fardo da escrita. Através da
mesma procuro realizar o ritual de despedida e de luto. E eles devem ser
vividos para que não sintamos saudades daquilo que tivemos na escola. A vida
continua. Novos horizontes devem ser traçados para que o futuro presente seja
sempre melhor do que o passado. Sejamos como na poesia de Fernando Pessoa, que
tenhamos saudades do futuro e não do passado, pois isso significará que o
presente é suficientemente bom para sê-lo vivido.
Portanto, festejamos essa despedida da escola. Comemoremos esse
ritual de luto. “Tudo passa, tudo sempre passará”. Continuaremos com a amizade
que foi conquistada em sala de aula e fora da mesma. Só que não mais com a
mesma assiduidade. Mas e daí? Estamos mais maduros. Estejamos felizes,
enxuguemos as lágrimas... somos vitoriosos... Ah... que isso gente, “Há tanta
vida lá fora”...
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